segunda-feira, janeiro 31, 2011

Primeiro Cap - 1997 (parte dois)

A menina naquela mesma noite quando entrou em casa ouviu da cozinha sua mãe reclamando de estar muito tarde e o velho discurso das ruas perigosas, além dos maus elementos que ela dizia estarem por toda parte nos dias de hoje. Mas Elizabeth não deu muita atenção e acenou com a cabeça afirmando tudo o que a mãe a falava, subiu as escadas para seu quarto deixando cair os sapatos de salto pelo caminho, calmamente abriu a porta de seu quarto e caiu na cama olhando para seu teto onde havia um ventilador estragado. 
Foi então que ela olhou para o lado da janela, parou e pensou um pouco, seus olhos brilharam por um minuto e um leve sorriso tomou seu rosto. Levantou da cama e correndo para janela olhou para o toldo onde o homem se abrigava, neste momento a porta de seu quarto abriu e muita assustada a menina deu um pulo e fechou as cortinas de renda, sua mãe olhou com uma feição de nervosismo e pediu para que ela toma-se logo seu banho e tira-se o vestido de festa. 

Aquela noite eu estava muito feliz, o aniversário de Marcos foi tudo que eu esperava. Pessoas legais, bonitas e populares, bons contados e muita música. Arrastei Marcos para uma dança, ele não gostou muito, seu rosto ficou vermelho e ele dava alguns passos duros, porém demos muitas risadas depois que a música parou e fomos comer alguns canapés. Já era depois da meia noite quando decidi ir embora, a festa já havia acabado mas eu e Marcos ainda arrumávamos algumas coisas, ele insistia que eu deveria ficar e dormir ali, e que no outro dia o motorista me levaria, mas muito confiante não achei necessário. 
Marcos se disponibilizou a me levar em casa, mas não achei necessário e questionei a ele se como meus pais ele também achava que os tempos de hoje eram perigosos. Com alguns risos, ele me deixou ir e repetiu sua famosa frase "não sou tão mais velho assim". Já não havia mais ônibus e a rua estava deserta, procurei caminhar mais rápido só que antes de eu se quer chegar em meu bairro começou os primeiros pingos de chuva a baterem no chão, muitos trovões e relâmpagos estalavam do nada, me questionava que "nem notei a chuva começar". Corri para casa, e foi então que vi ele, era alto e me parecia ter 30 anos, mesmo a meia luz não conseguir deixar de notar que era bonito e mesmo com a chuva forte ele sorria, me decepcionei em olhar pela janela depois e não ver ele mais lá, bem que foi um alivio pois acho que minha mãe não estava muito feliz de me ver espiando pela janela aquela hora da noite, "ou será que era impressão minha".

Elisabeth se dirigiu para sua banheira, a água já estava lá, o sabão fazia algumas bolhas cristalinas e ela olhava para banheira com ar de cansaço. Só pode ouvir a porta do quarto bater com força e entender que era sua mãe a mandando tomar banho e ir dormir o mais rápido possível. Depois do banho, já com sua camisola de renda ela apagou as luzes e pegou o Diário debaixo da cama, só com a luz que vinha da janela ela começou a escrever o seus pensamentos, ela acreditava que escrevendo ali ela podia de certa forma, viver para sempre, ser imortal.

Continua ...