Passava da meia noite e Elisabeth não conseguia dormir, rodava na cama de um lado para o outro, e por fim acendeu a luminária que estava à direita de sua cama e pegou seu diário que estava na segunda gaveta.
Não consigo explicar o que estou sentido, como posso te dizer, eu o vi e agora não posso tirar de meus pensamentos sua imagem. Caminho pela manhã na praça em frente a minha casa e nada dele, falo com os vizinhos, amigos e pessoas que sempre conhecem todo mundo – como a Dona Luisa do 705, uma velhinha que não dorme só para vigiar os vizinhos – e eles nunca sabem nada, não vêem e não ouviram falar. Tentar dormir é impossível, meus sonhos são guardados para você e meu pesadelo acontece enquanto ainda estou acordada, não saber é um tormento.
Eliana ouviu o virar na cama de sua filha e sobe as escadas até o quarto, abre a porta de forma delicada e chama por Elisabeth, a menina pede que ela se retire como sempre e com as mesmas desculpas faz com que a mãe sai sem saber de sua intimidade.
Minha mãe entra sempre com o mesmo papo de “- Você está bem?”, mas se eu contar alguma coisa sobre o assunto a conversa muda e vira “-Você ta louca? Bateu a cabeça, bem que disse...”, é sempre assim. É claro que lembro da primeira vez que Marcos me trouxe em casa, quando sai do carro minha mãe já veio gritando e falando quem era esse, impossível esquecer da vergonha que eu passei, o rosto dele não ficou vermelho mais sim azul de vergonha.
Mas agora é diferente Marcos é meu amigo e rimos disso até hoje, mas este misterioso rapaz que vaga pela noite na praça em frente minha casa é outro assunto. Não sei como dizer, porém vou arriscar dizer que estou apaixonada, não amor, e sim paixão, uma atração adoçada pelo mistério que o ronda.
A menina senta na cama e deixa o diário sobre ela, seu olhar é vago, não parece pensar em mais nada alem do fato de ter admitido para si mesma de estar apaixonada. Então de forma repentina ela levanta e caminha até a varanda de seu quarto, o céu está escuro e há rua pouco iluminada, então suas mãos congelam, seus olhos vêem e não acreditam no que está tão claro para seu coração.
Sim, era ele mesmo que estava lá, sentado em um dos bancos da praça escura com um livro na mão, na verdade que ninguém conseguiria ler naquela escuridão, mas ele estava lá, passivo, como se o tempo não o preocupasse. A menina na sacada estava sem ação, seus olhos não piscavam para não correr o risco de não velo mais e então ela decidiu correr, passou as escadas e tentou abrir a porta, estando trancada então passou pela janela da sala. Saiu como um gato, em um pulo já estava do lado de fora e corria para a praça, mas já não o via isso por que não estava mais lá o misterioso amor da menina.
Não, não, não pode ser. Como pode sumir tão rápido, eu não consigo entender o motivo dele sair correndo, será que tinha algum... Impossível! Ai Esquece! Vou dormir.
Ela volta para o quarto e apaga a luz para dormir, e isso não demora muito, pois já se passava das três da manhã e Elizabeth estava bem cansada. Depois de algum tempo a cortina da varanda se abre, em passos leves um homem entra no quarto e se senta ao lado da cama, a menina acorda ao sentir um carinho na cabeça, porem não vê ninguém, somente mesmo a porta da varanda aberta. Ela se levanta e à fecha, e volta a dormir.